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Caio Prado Jr.

Caio Prado Jr. inaugura uma “interpretação do Brasil”. Faz isso sobretudo ao ressaltar o peso do que chama de “sentido da colonização” no que somos. Isto é, o país teria se constituído para produzir certos bens demandados pelo mercado externo. Mostra, a partir daí, como se povoou um determinado território e se organizou uma vida material, se criando também uma vida social e política. Em outras palavras, começaria, mesmo que problematicamente, a se formar aqui uma sociedade. Tal interpretação, que entende o Brasil como totalidade, inspira-se diretamente no marxismo. No entanto, o uso que o autor faz do materialismo-histórico destoa do que foi sua linha dominante no país.

Caio Prado nasce no seio de uma das mais importantes famílias da burguesia cafeeira de São Paulo, os Silva Prado. O ano é 1907, quando aqueles de seu grupo social são amplamente dominantes tanto na economia como na política brasileira. Tem a educação de alguém de sua classe: com preceptores, os jesuítas do Colégio São Luís, um ano de estudos na Inglaterra e a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Na faculdade, ingressa no Partido Democrático (PD), que reúne membros da oligarquia e das camadas médias paulistas descontentes com os rumos da 1ª República. Como membro do PD, se engaja na campanha presidencial de Getúlio Vargas e depois participa, com entusiasmo, da Revolução de 1930. Logo, porém, vem a decepção com os rumos do novo regime, que não promove as mudanças que julga necessárias.

O desapontamento leva à radicalização política e, com ela, ao ingresso no Partido Comunista do Brasil (PCB). A adesão ao comunismo é um marco na vida de Caio. Nessa referência, procura em diversas iniciativas aproximar teoria e prática. Se seus livros buscam contribuir para a transformação do país, empreendimentos “práticos”, como a criação, em 1943, da Editora Brasiliense e da Revista Brasiliense (1955 – 1964) não deixam de ter uma dimensão “teórica”. No entanto, apenas em momentos excepcionais exerce cargos de destaque na órbita comunista, como em 1935 com a frentista Aliança Nacional Libertadora (ANL), em que é vice-presidente da sua seção paulista, e na curta legalidade do PCB (1946 – 48), quando é deputado estadual e líder da bancada comunista na Assembleia Legislativa de São Paulo.

É especialmente a maneira do historiador de entender o marxismo que faz com que sua relação com o PCB seja turbulenta. Diferente do seu partido, que vê o materialismo histórico como um pretenso modelo universal, aplicável às mais variadas sociedades, encara-o como um método, capaz de destacar as particularidades constitutivas de diferentes formações sociais. Assim, não busca feudalismo onde não há, mas aponta como o Brasil, desde o início de sua colonização, está ligado, mesmo que problematicamente, ao capitalismo internacional. Nessa referência, acredita que o grande desafio que se colocaria ao país seria a superação daquilo que ainda o prende à colônia para se constituir definitivamente como nação.

Em poucas palavras, se a adesão ao comunismo leva a um afastamento de Caio Prado Jr. da sua classe de origem, sua interpretação do Brasil faz com que nunca seja inteiramente aceito no PCB. Sua situação é, portanto, a de um marginal, o que possivelmente favorece sua capacidade como intérprete. Morre em 1990.

Sugestões de leituras:
D´INCAO, Maria Angela (org.). História e ideal: ensaios sobre Caio Prado Júnior. São Paulo: Brasiliense, 1989.
NOVAIS, Fernando. “Introdução” in Formação do Brasil contemporâneo: colônia in SANTIAGO, Silviano. Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguillar, 2000.
PRADO JR., Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos (1933) e (1953). São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
___ (1942). Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
___ A revolução brasileira e A questão agrária no Brasil (1966) e (1979). São Paulo: Companhia das Letras, 2014.