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Joaquim Nabuco

Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo (1849-1910), filho de um líder político Liberal, foi um político reformista durante o Império, sendo deputado e um dos líderes do movimento pela abolição da escravidão, no curso do qual escreveu seu livro mais importante, O Abolicionismo (1883). Na República, engajou-se na fundação do Partido Monarquista e da Academia Brasileira de Letras, e escreveu outros livros, que também se tornaram clássicos, Um Estadista do Império (1897-9) e Minha Formação (1900). Tendo começado a carreira como diplomata nos Estados Unidos e Londres, nos anos 1870, voltou a ela na maturidade como representante brasileiro nos dois países, exercendo respectivamente os cargos de ministro plenipotenciário e embaixador. Morreu no exercício deste último cargo, em Washington.

Joaquim Nabuco, nasceu no Recife, em 19 de agosto de 1849, filho do senador e conselheiro de estado José Tomás Nabuco de Araújo e de Ana Benigna de Sá Barreto, membro da elite social pernambucana. Por causa das atividades políticas do pai no Rio de Janeiro, Nabuco ficou até os 8 anos de idade sob guarda dos padrinhos, donos de um engenho de fogo morto, o Massangano, no interior da província. Com a morte da madrinha, foi levado a residir com a família biológica na Corte.

Depois de passar por preceptores privados, ao costume da época, Nabuco ingressou nas principais instituições de ensino do país à época: no Colégio Pedro II (1860-5) e nas Faculdade de Direito de São Paulo e do Recife (1866-1870). Já diplomado, foi lançado pelo pai na atividade política do Partido Liberal, escrevendo em jornais (como A Reforma) e se lançado candidato à deputação. Antes de conseguir um assento no Parlamento, em 1879, foi adido de Legação em Washington (1877) e Londres (1878). Foi como deputado geral pelo Partido Liberal (1879-1880; 1885; 1887-8; 1889), que se lançou à campanha pela abolição da escravidão. Fundou, em parceria com André Rebouças, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão (1880) e tornou-se o líder parlamentar do movimento abolicionista. Nabuco foi ainda crucial como autor do principal libelo abolicionista, O Abolicionismo (1883), e como conector entre a rede de ativismo nacional e a internacional, criando vínculos com abolicionistas de vários países, sobretudo com a British and Foreign AntiSlavery Society. Seu carisma e suas qualidades oratórias auferiram-lhe popularidade no curso da mobilização antiescravista, tendo se tornado um ícone nacional da campanha.

Ao longo desta carreira, estabeleceu conexões políticas e intelectuais de escala nacional e internacional (nas Américas e na Europa). De formação clássica, teve na Inglaterra, seu referente intelectual principal, fonte para seu reformismo e seu liberalismo, conforme ele próprio registraria em Minha Formação (1900).

Com a abolição da escravidão, passou a se dedicar ao movimento de resistência ao republicanismo, por meio de publicações e, já na República, engajou-se na fundação do Partido Monarquista. Com a derrota dos monarquistas, recolheu-se à vida intelectual, ingressando numa associação nacional de prestígio, o IHGB, e fundando, com Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras, da qual se tornou secretário vitálicio.

No governo Campos Sales, Nabuco fez pazes com a República e retornou à carreira diplomática. Comandou, então, a Missão das Guianas (1899-1904), que negociou uma saída diplomática para um litígio brasileiro com a Inglaterra. Em seguida assumiu a chefia da legação de Londres (1900-1905) e, por fim, da embaixada brasileira em Washington (1905-1910), da qual foi o primeiro ocupante.

Ao fim da vida, dedicou-se a mais uma campanha político-cultural: o panamericanismo, propagandeando em conferências pelos Estados Unidos, a ideia da unidade cultural e política das Américas.

Nabuco foi quase a vida toda colunista de jornais, tendo escrevido para A Reforma, O Globo, O Abolicionista, La Razón, Jornal do Comércio, Jornal do Brasil, O País, Comércio de São Paulo, entre outros. Contudo, sua contribuição mais marcante para o pensamento social brasileiro se deu por meio de seus livros, em particular três deles, que tiveram impacto decisivo sobre as gerações subsequentes de analistas do Brasil. O Abolicionismo inaugurou a análise estrutural da dinâmica socioeconômica da sociedade brasileira; Um Estadista do Império deu o norte da historiografia das instituições e da elite políticas e Minha Formação é uma referência na história cultural. Suas teses impactaram ensaistas como Caio Prado Jr., Oliveira Viana, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. Assim, suas principais obras alimentaram linhagens de interpretação do Brasil.

Sugestões de leitura:
Alonso, Angela. Joaquim Nabuco – Os salões e as ruas. São Paulo, Companhia das Letras, 2007.
Nabuco, Carolina. (1929), Vida de Joaquim Nabuco, por sua filha. R.J., J. Olympio.
Nogueira, Marco Aurelio. O encontro de Joaquim Nabuco com a política. As desventuras do liberalismo. São Paulo, Paz e Terra, 2010 (2ª. edição).
Salles, Ricardo. Joaquim Nabuco: um pensador do Império. Rio de Janeiro: TopBooks, 2002
Viana Fo. Luis.(1973), A vida de Joaquim Nabuco. São Paulo: Martins/MeC.