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Monteiro Lobato

José Renato Monteiro Lobato nasceu em 1882, na cidade de Taubaté. Cedo revela pendores para as artes plásticas, mas a situação de decadência financeira da família o obriga a cursar a Academia de Direito, em São Paulo. Bacharel, obtém uma colocação como promotor em Areias, casa-se, abandona o cargo e torna-se fazendeiro. Fica nacionalmente conhecido com a polêmica em torno da figura do caboclo, tema de seu primeiro livro, Urupês, de 1918. Quase ao mesmo tempo, inaugura a sua obra infantil com as histórias d’A menina do narizinho arrebitado. Abandona a fazenda, para ser dono de editora, vendendo-a alguns anos depois. Contudo, mantém-se até o fim em sua atividade como escritor de livros de ficção adulta e infantil, ensaísta e polemista nos jornais e revistas da época. Coadunou, como poucos, as qualidades de empreendedor com as de homem de ideias.

Em 18 de abril de 1882, nascia em Taubaté, no interior do Estado de São Paulo, José Renato Monteiro Lobato, filho de José Bento Marcondes Lobato e Olympia Monteiro Lobato. Órfão aos dezessete anos, deixa as terras da família para estudar na capital e, por determinação do avô materno, o Visconde de Tremembé, entra para a Academia de Direito, ao invés da Escola de Belas Artes, como pretendia. Contudo, exerceu a profissão por muito pouco tempo como promotor na comarca de Areias. Com a morte do avô em 1911, abandona o anel de rubi e faz-se fazendeiro. Casado desde 1908 com Maria Pureza Natividade, é na fazenda São José do Buquira onde nascem três dos seus quatro filhos e é nela em que se gestaram grande parte dos seus personagens e histórias para crianças que estreiam com A menina do narizinho arrebitado, em 1920, livro que dará origem ao mais conhecido Reinações de Narizinho, de 1933. Empreendedor nato, mete-se em vários projetos, como a construção de uma estrada de ferro, de uma rua suspensa no Viaduto do Chá e a fundação de um colégio para rapazes ricos. Escreve para os jornais Estado de São Paulo, A Tribuna de Santos, Gazeta de Notícias; colabora com textos e ilustrações para a revista Parahyba da Caçapava e para a Fon-Fon. Polemista inveterado, sua língua afiada volta-se tanto contra os mandarins das artes plásticas e da política, como contra a idealização romântica do caboclo brasileiro, tema de Urupês, o primeiro livro que publica, em 1918, e contra o pendor imitativo das nossas elites intelectuais de tudo quanto é estrangeiro. Em 1917, conclui ser inadaptado à vida rural; vende a fazenda e torna-se editor, comprando a Revista do Brasil e fundando a Cia. Gráfico-Editora Monteiro Lobato. Esteve à frente, junto com Octalles Marcondes Ferreira, da Companhia Editora Nacional de 1925 a 1929, na qual editará grande parte de sua obra adulta e infantil, assim como a de uma infinidade de autores nacionais e estrangeiros. Faz amizades duradouras, como Godofredo Rangel, com quem se corresponde por mais de 40 anos, até pouco dias antes de sua morte em 1948. Mas também faz desafetos como os modernistas na semana de 22, por exemplo, pela defesa sem condições da autenticidade nacional, a intransigência com tudo o que soasse cópia do que se produzia lá fora. Em 1927, vai para o Estados Unidos, na qualidade de adido comercial do governo Washington Luís. Estabelece contatos com empresários americanas, visando formas de cooperação econômica com o Brasil. Diagnostica a necessidade de enfrentarmos o problema da criação de uma indústria de base, ou seja, da produção de ferro, aço e petróleo, mas encontra barreiras políticas e burocráticas que o impedem de consolidar os negócios que pretendia, neste e em outros setores. Retorna ao país com a mudança do governo em 1930. Conduz, ao longo de toda a década de 30, ações nos sentido da nacionalização do petróleo e do ferro, contra as investidas das nações imperialistas sobre as nossas riquezas. Funda companhias de exploração, o que lhe dá subsídios para publicar, em 1936, O Escândalo do Petróleo, que é imediatamente proibido pela ditadura Vargas. Ao mesmo tempo intensifica a sua atividade como escritor de livros infantis. Cartas de sua autoria, repudiando a política de recursos minerais do governo o levam à prisão por alguns meses.

Na época, recebe proposta de filiação ao Partido Comunista Brasileiro, da qual declina, dizendo-se fora de combate. Sua obra, composta pelos volumes de literatura de ficção adulta e infantil, cartas, crônicas e ensaios, é uma fonte inesgotável para os pesquisadores da área de pensamento social no Brasil que estejam dispostos a enfrentar a complexidade com que esta personalidade irrequieta refletiu e articulou as questões da época – a formação da nacionalidade, seu desenvolvimento material e intelectual – aos temas mais universais como o valor da cultura, o papel dos intelectuais e a (in)submissão da inteligência aos interesses econômicos e políticos.

Sugestões de Leitura:
AZEVEDO, Carmen Lucia de, CAMARGOS, Marcia, SACHETTA, Vladimir. (1997) Monteiro Lobato. Furacão na Botocúndia. São Paulo: Editora SENAC.
CAVALHEIRO, Edgard. (1962). Monteiro Lobato. Vida e Obra. São Paulo: Brasiliense.
CHIARELLI, Domingos T. (1995) . Um Jéca nos vernissages. São Paulo: EDUSP.
LAJOLO, Mariza. (1985). Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense.
LANDERS, Vasda B. (1988). De Jeca a Macunaíma. Monteiro Lobato e o Modernismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.